segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Gero Onsen

Este Domingo, mesmo à ultima da hora (à bom português) decidimos dar uma visitinha à cidade de Gero Onsen (perto de Takayama). Tinhamos em mente tomar um banho termal num Onsen (termas japonesas) que tinhamos visto na internet. Como todos os websites são em japonês, não percebemos bem do que se tratava, mas porque não irmos à aventura.

O caminho tinha uma paisagem soberba, pois estávamos na fronteira com a região de Nagano, famosa pelas suas montanhas e estâncias de ski.




Esta zona de Onsens, localizada na região de Gifu é conhecida pelas suas propriedades medicinais, principalmente para o Reumatismo, desde o século X. E é considerada como uma das três melhores zonas do Japão.


Estávamos mesmo entusiasmados, pois na internet tinhamos visto um todo catita, que depois tinha uma área que se podia alugar para estarmos os dois juntos a relaxar. Sim, porque isto aqui é na sua maioria separado por sexos. Tem alguma razão de ser, pois os Fatos de Banho não são permitidos. Ao nível das regras de Etiqueta, ir a um Onsen tem muito que se lhe diga, toma-se um banho antes de entrar, mas não se pode usar sabão, o uníco objecto que se pode transportar para o recinto é uma toalhinha (pouco maior que uma de bidé) e que não pode tocar na água. Entre outros requisitos que se tem de ter em conta.


Chegando ao dito local, ficámos desanimados, pois fomos logos barrados, ao que conseguimos entender, era preciso uma reserva...bahhhh


Bem, resolvemos procurar o Posto de Informações. Lá ao fim de uns bons tempos achámos, e claro que não falavam inglês, mas lá nos disseram qq coisa como havia um tal sitio em que podiamos estar juntos. Ela disse não sei o quê, mas nós já estávamos por tudo, queriamos era por-nos de molho.




Como ao que parece, a procura é muita ficámos alojados na super sala de espera, acho que em português há um nome para isto ...ahhhhhhh já sei ESPELUNCA


(na foto não se vêm os buracos da alcatifa, devido às beatas)

Ora bem, como não percebemos bem, fomos para a um dito "Banho publico", isto é, tipo Fast Bath, a pessoa entra tira uma senha e lá vai ela. Como não queriamos estar separados, lá nos mandaram para um Privado, isto é uma banheira e pouco mais ..lolol ... fizemos nós 2h e meia de carro para isto



Já não bastava estarmos decepcionados com o sitio, quando vamos a por as patinhas na água, uiiiii está bem tá! Meia hora para uma perna, meia hora para outra ..ufff ...mas como é possivel? Lá para o fim lá me semi-deitei, mas o segredo está, mexermos apenas o essencial, isto é apenas respirar.

À saida, perguntámos a temperatura, e quando o senhor disse 50 graus, não ficámos nada surpreendidos.

Antes de deixarmos esta terra, decidimos ir provar as comidas tipicas, para ver se ficávamos com uma outra impressão do local, e então lá nos fizemos à estrada em busca do Hoba Miso Steak!

Lá nos recomendaram um local e foi quando demos de caras com este parque lindíssimo


Só agora, fazendo uma pesquisa sei que estávamos em Gero Onsen Gassho Village, onde se encontram as tipícas casas em forma de A e fazem parte do UNESCO World Heritage.

Bem, mas com isto não nos esquecemos da nossa busca de "Bifes Grelhados numa mistura de miso, cogumelos e outros vegetais em cima de uma Folha de Magnolia" que afinal era mesmo já ali ao lado.

Devido ao frio intenso que se fazia lá fora, soube que nem ginjas este jantarinho delicioso (oishii) à beira do aquecedor e com o chá a aconchegar.


Afinal, o dia até valeu a pena .... Give me 5



9 comentários:

Angelo disse...

Belo "poste", sim senhor!

Essa da "espelunca" esta demais! Mas o que importa e que o jantarinho ate foi bom! :)

Anónimo disse...

Os japoneses são tramados para os estrangeiros, não são?

Há 2 anos, ou menos, antes de ter nascido o príncipe Hisahito (rapaz), houve discussão sobre a possibilidade de alterar a constituição para que podessem ascender mulheres ao trono. É que só havia netas! e nenhum rapaz, mesmo nos parentes mais afastados. Então no Parlamento há um deputado que obstinadamente se opunha a que a princesa Aiko (filha do príncipe herdeiro) fosse aceite como presumível herdeira. E usou o seguinte argumento final: suponhamos que ela vai estudar para os Estados Unidos e que se apaixona por um estrangeiro de olhos azúis! Como fica o Japão?

Enviei uma carta para 2 jornais, perguntando: se o estrangeiro tiver olhos castanhos ou verdes, está ok? ou se em vez de ser uma princesa, for um príncipe a apaixonar-se por uma estrangeira, não há perigo para o Japão? Infelizmente as cartas não foram publicadas...

Mas ao mesmo tempo, os japoneses adoram os estrangeiros! Eu nunca fui maltratado!

No Japão é tudo 0 ou 1, não há meio termo! e 0 ou 1 na mesma entidade e, às vezes, ao mesmo tempo!

Espeluncas e porcaria existem, mas a preocupação obcessiva com a limpeza também (provavelmente, a sala do Furo era irrepreensível).

Adoram o silêncio, mas os anúncios às portas das lojas são os mais barulhentos que conheço.

São delicadíssimos dentro do grupo e, geralmente com um estrangeiro, mas fora do grupo (como nos transportes públicos) são egoístas e até, como aqui em Tóquio, brutos às vezes de modo impressionante.

Grande respeito e distância física entre homens e mulheres. E preocupação com os costumes. Nas próprias revistas pornográficas os pêlos púbicos são apagados. Mas há apalpões sempre que possível (aqui em Tóquio até já há muitas linhas com carruagens só para mulheres). Ou folheia-se com o maior à-vontade, no meio de toda a gente e de todas as idades, uma revista cheia de fotos pornográficas (sem os tais pêlos, no caso da manga até os pêlos estão desenhados). Ou faz-se um strip-tease (às vezes completo) entre colegas (e para quem quiser ver) num restaurante público após uns bons copos (geralmente por volta das 20:30~20:45). Não tem mal, e no dia seguinte ninguém se lembra, porque estavam todos yopparatte (bêbados). Apesar de estarem todos yopparatte, têm a consciência claríssima de quando chegam as 20:55 e há que preparar para sair (que os jantares de empresa aqui são das 19:00:00 às 21:00:00).

Acreditam em tudo, chegando a ser de uma ingenuidade infantil, adoram o que é novo (até nas pessoas) mas são de uma desconfiança - ki wo tsukette - enorme em relação a quem não foi apresentado ou a todos e tudo o que é novo (apesar que ser novidade – shinhatsubai - é que mais funciona na publicidade).

Gostam de comer em pratos e copos pequenos, pequenas quantidades, e reagem mal a uma quantidade grande. Mas comem muitos, muitos pratinhos e bebem muitos, muitos copos.

Estes são exemplos que me surgiram assim de repente, não serão provavelmente os mais explicativos. Mas a lista é infindável! Em todos as relações, assuntos, acontecimentos que afectam a minha vida, preparo-me sempre (e já automaticamente) para possibilidade de “um oposto” acontecer nalgum momento. Embora haja que reconhecer que a palavra dada em 98 ou 99% dos casos não volta atrás.

Vivo feliz no Japão e sem sobressaltos. Tenham cuidado comigo, que eu se calhar já funciono assim...

Antonio B

Angelo disse...

Antonio, esses seus exemplos sao do melhor que ja escreveu, se me permite o arrojo!

Mas ve como as cartas nao foram publicadas?!

Anónimo disse...

Falar de japoneses, pode ser muito generalista. Entro numa loja, num restaurante,numa câmara municipal, no que quer que for e sou sempre recebida com um sorriso na cara.

E a sensação de estarem agradecidos por estarmos a consumir nos seus estabelecimentos é incrivel, a quantidade de vénias que recebo por cada vez que peço um Latte no Starbucks, é mesmo incrível.

E acho piada, pois falo em japonês, mas claro, algumas vezes (várias mesmo) perguntam-me coisas que não percebo, e qando vêem que estou em apuros muitas vezes começam a fazer gestos e a fazer um esforço enorme por se lembrarem de um outro sinónimo.

Mas nem tudo são rosas, onde tenho sentido dificuldades, é com a população mais idosa, gostam de me passar à frente em filas, entre outros episódios, mas também ainda não percebi se é por ser estrangeira ou por ser substancialmente mais nova. Mas em compensação quando me levanto no metro para dar lugar a um idoso, ficam a agradecer-me até ao fim da viagem, e se for preciso, quando saem ficam a dizer-me adeus da plataforma.

Foi mesmo uma pena ter nascido o herdeiro, pois gostava imenso de ver a menina Aiko no trono... isto é que ia ser uma revolução.

Bem, agora não tenho muito tempo para mais conversas, tenho uma tese de mestrado para entregar, e assim como aqui (devem ter herdado isto dos portugueses) tenho de ir tratar de uma série de burocracia.

Volto em breve

Angelo disse...

Aquela do "I love you Oita" foi demais! :)

E essa dos idosos e tao verdade!

Anónimo disse...

Ó Ângelo, então não lhe permito eu o "arrojo"?

É certo que não publicaram as cartas, mas tenho a certeza que chegaram ao deputado! Na parte dos países (em todos!) não publicariam. Em Portugal (até nos forum dos jornais os próprios jornalistas) faz-se censura ao que não "parece" "politicamente correcto". Olhe que aqui as críticas e propostas não caem em saco roto. Eu acho que há respeito pelas pessoas. A minha mulher detesta que eu fale mal seja de quem for ou do que for, por que motivo for. Tenho aprendido, que para nós portugueses (e ocidentais em geral) até parece mal não falar mal, às vezes gratuitamente.

No post de ontem, a propósito do barulho, não disse que no Japão até os autocarros falam (campainha+vou virar para a esquerda, faça venerável atenção+campainha+vou virar para a esquerda, faça venerável atenção+...), e as escadas rolantes, e os elevadores, e as portas automáticas, e há anúncios vindos do céu desde avionetas, etc, há poluição sonora na cultura que venera o silêncio. Mas eu gosto tanto deste país!


Sabe, é verdadeiramente livre e permite sonhar e concretizar sonhos.

Adoro Portugal e a Europa, vamos lá de vez em quando. Quando na Alemanha entro no espaço Schengen digo sempre com as lágrimas nos olhos à minha família ou amigos japoneses que vão connosco: "irasshaimase". Agora, estou em "casa", são eles os "gaikokujin". É muito importante para quem vive aqui ir lá 2 ou 3 vezes por ano. Mas não há nada como ir à Europa para perceber a felicidade que é viver no Japão, que é aqui que o meu "eu" se solta respeitosamente.

AB

Anónimo disse...

Rosarinho, não sei qual é a área do seu mestrado, nem o tema, mas se houver necessidade de pesquisa de algum livro ou de dados aqui em Tóquio, se eu poder ser útil, não hesite. Se não estiver ao meu alcance também lho direi.
Força!

AB

Rosarinho disse...

Eu só no próximo Julho, vou ter essa sensação do regresso à Terra, pela primeira vez. Estou ansiosa mas claro sei que vou já estranhar algumas coisas que já temos aqui falado. Mas sinto que já estou em desespero por um peixinho grelhado (sem molhos de soja e seus amigos)na esplanada com vista para o mar e na cavaqueira só em portugûes ...ai aiiii
Bem mas a acompanhar as minhas férias, vou ter de apresentar a minha tese, pois estou a fazer na Universidade Nova de Lisboa e é sobre Sistemas de Gestão Ambiental. Não me parece um assunto muito animado, daí nunca aqui ter mencionado. Muito obrigada pela possível ajuda, mas já estou numa fase final,já estou orientada.

Ao Ângelo, muito obrigada ao prémio atribuido, estou mesmo emocionada ..eheheheheh

Angelo disse...

Caro Antonio, ja deve ter percebido que eu nao acho que o Japao seja um sitio mau. Muito pelo contrario. Sim, o barulho e imenso e refugio-me no meu IPod (pode parecer um contrasenso, mas nao e!). Ha coisas maravilhosas neste pais, como a simpatidas pessoas, a seguranca e ate pequenas coisas como os professores que obrigam os miudos a pedir desculpa uns aos outros quando se zangam. Acho isso fenomenal!

As cartas... Nao quis dizer que fossem publicadas noutro sitio e nao no Japao!

De nada, Rosarinho. Forca ai com a tese. Eu, mesmo que te queria oferecer ajuda, nao posso... Nao sei japones o suficiente nem tao pouco la dessa coisa do nao sei quantos ambiental! AH AH!

Eu ja fui a Portugal duas vezes e hei-de la ir outra vez este ano... Como dizes, ha coisas que vais estranhar, acredita. Mas a bela da comidinha nunca vai ser demais!